quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal... época do biqueiro!

É por esta altura que as pessoas pensam em ser boazinhas. Ficam invadidas por um sentimento pacificador. É Natal… e tal!
Só que este sentimento é de outros tempos, é das épocas em que a religião tinha força, pesava na vida da maioria dos povos ocidentais ou ocidentalizados. Agora são uma minoria os que vão à igreja e levam o Natal a sério, os que têm consciência de que esta quadra se assinala por alegadamente em tempos ter nascido o “Salvador” (Jesus The Kid). Durante o ano as igrejas parecem o estádio José Gomes na Reboleira, nunca enchem, nem com a visita deste Papa (Bento XVI) porque se fosse com a do outro seria diferente, mais que não seja porque o povo ia querer ver com os próprios olhos o milagre da ressurreição na pessoa (ou o que fosse) de JP II.
Acho que os tempos são outros e as pessoas deviam descartar este sentimento de bondade. Porque o Natal de agora significa empurrões em lojas e centros comerciais, presentes envenenados, fretes de jantares, filas de trânsito e ofensas nas estradas, sms de Boas Festas em catadupa (de pessoas cujo o último sinal que se teve foi precisamente há um ano e no mesmo registo), há o stress da preparação da Ceia (porque se insiste na tradição e os ingredientes de agora não são como os de antigamente, nada sai bem) e há ainda muitas outras coisas.
Por tudo isto vamos dar começar a trazer ao Natal o verdadeiro sentimento, sem hipocrisias, sem medos. Para começar, um biqueiro na árvore que dá um trabalhão do caraças, ocupa espaço, está morta, gasta electricidade e nem faz sombra porque está sempre a um canto dentro de casa. Depois não temos de falar bem com pessoas de quem não gostamos o ano todo e que estupidamente por esta altura parecem uns anjos, se possível aproveitar a época para lhes darmos também uns biqueiros. Se nos derem algum presente ridículo, ou repetido (dos que não servem para nada) nunca fazer sorriso hipócrita e também aqui procurar oportunidade para mais uns biqueiros (nem que seja na tia de 80 e tal anos que já tem idade para ter aprendido que peúgas não se oferecem). Se o bacalhau estiver salgado, vai de biqueirada para cima. Se depois da meia noite quiserem continuar a fazer conversa e pressão para manter o espírito do antigo Natal vivo por mais uma hora avança-se para mais uns biqueiros bem puxados atrás seguidos de debandada sem deixar combinações feitas para o almoço do dia seguinte.
Passem o Natal calçados com botas de biqueira de aço!

1 comentário:

Lek disse...

Estará o amigo LCB a defender a teoria de que o coeficiente de prevericação está directamente relacionado com a origem geográfica do prevaricador?!? Hummm... sempre gostava de ver este assunto aprofundado. Saudações de bom-ano.