sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Posso ser eu...

Há momentos em que me apetece partir tudo o que está à volta.
Até me considero um tipo tranquilo, mas quando ouço ou observo certas coisas, é-me muito difícil ficar indiferente.
Em Portugal temos, felizmente ou infelizmente, exemplos diários.
Na política temos negociatas que cheiram mal à distância - veja-se o caso Liscont e os contentores à beira do Tejo - e que revelam uma profunda falta de respeito pela inteligência mínima de qualquer cidadão/contribuinte. Esta espécie de gente que nos governa - ou se governam a eles próprios - trata dos interesses comuns com um desprezo impressionante. Funcionam como se nada lhes pudesse ser apontado, com uma triste e incompreensível falta de noção do que é ocupar um cargo público.
Claro que têm que prestar esclarecimentos!
É óbvio que têm que nos explicar o que se passa porque somos nós que votamos e somos nós que contribuimos todos para os rendimentos que têm!
E isto não tem nada a ver com ser de esquerda ou de direita. Caguei para isso há muito tempo.
Já perdi a paciência para o nível zero de civismo do João Jardim; a arrogância e calculismo político de tipos como o António Costa ou o Santana, a charlatanice do Major ou da Felgueiras; o moralismo fácil e falso do Portas e do Louçã.
Não há paciência. Vivem no mundo à parte e bem podiam ficar por lá.
Mas a política não é a unica.
Tenho observado também que alguns dos nossos humoristas andam a perder a graça a uma velocidade galopante. Nomeadamente, os Gato Fedorento. Há medida que se vão institucionalizando e acomodando - digo eu - passam a achar que têm uma relevância social superior à que, de facto, têm.
Afastam-se da rua e fecham-se, por vontade própria ou comercial, numa redoma. Também nestes casos vemos traços de alguma arrogância latente. Com isso aumenta a dificuldade em verem o ridículo neles próprios. Ando a ouvir muito:
"Eu acho que", "Penso que", "Seria melhor isto ou aquilo".
Meus amigos, estão aí para nos entreter. Ponto final parágrafo.
O problema é que, mesmo trabalhando numa àrea como a do Humor, começam a levar-se muito a sério como profissionais do humor. Como se tivessem uma qualquer responsabilidade social.
Claro que o mercado aqui também complica toda esta equação. Quem tem sucesso, explora a receita até dar e depois é substituido por outro. Esquecem-se de se reinventar e para que isso aconteça, é fundamental que não se levem muito a sério. Mesmo que sejam humoristas!

1 comentário:

Lek disse...

Concordo. O peso da responsabilidade como "opinion makers" abateu-se sobre o quarteto maravilha. Sou fã, mas reparo que lhes começa a faltar o fulgor típico de agentes vulgares.
Também eles se estão a "apatronar" ;)